Comunicação não verbal


Um componente fundamental da atividade comunicativa é seu aspecto não verbal. De acordo com o que se demonstra no plano dos gestos, das expressões faciais e dos movimentos corporais, um determinado conteúdo pode ganhar sentido inteiramente diferente em relação ao seu sentido manifesto. A comunicação não verbal compõe o que se chama de paralinguagem.

A paralinguagem, juntamente com outros elementos da comunicação, é o pano de fundo contextual que indica o que está sendo comunicado. Ela permite identificar os aspectos relacionais da linguagem, por exemplo, o ideoleto. Por meio do ideoleto, pode-se descobrir o grupo social de pertencimento de quem se comunica. Trata-se de um conjunto de signos que possibilita reconhecer sexo, idade, nível sociocultural etc., relacionando-se diretamente com a forma pela qual as palavras são pronunciadas e com o vocabulário que é utilizado na comunicação.


Na entrevista de saúde, a paralinguagem é fundamental, pois permite reconhecer o ideoleto do comunicante com base na percepção das inflexões da voz – que podem transmitir emoções, tais como ansiedade, tensão, segurança etc. –, das modulações da voz e do seu timbre. Esse conjunto também transmite estereótipos e possibilita que tanto o profissional quanto o paciente interpretem e construam suas percepções um sobre o outro.

Outra dimensão da paralinguagem é a proxêmica. Ela representa o modo como utilizamos o espaço e as questões relacionadas à territorialidade. A maneira como sentamos à mesa, o grau de aproximação do paciente, o contato corporal, o aperto de mãos, a utilização do olhar e a angulação do corpo podem denotar sinais de aceitação, rechaço, ou mesmo relações hierárquicas. As distâncias relacionais íntimas, pessoais e sociais são representadas por gestuais relacionados à proxêmica.

A outra dimensão é a cinésica, que se refere ao conjunto de gestos corporais e expressões faciais, bem como à quantidade e à qualidade desses movimentos. A cinésica pode denotar diferenças entre adultos e idosos, por exemplo. O modo como o gestual cinésico se apresenta pode ser:

  • sincrônico (para as ações dos comunicantes), ou

  • sintônico (em relação às suas emoções).
    A cinésica é composta por gestos que podem ou não seguir padrões culturais definidos.

As funções da cinésica na comunicação são:

  • a regulação da comunicação, ou seja, delimitar o fluxo comunicativo;

  • a ilustração da comunicação, que descreve e apoia os conteúdos verbais; e

  • a adaptação da comunicação, que amortece a tensão interior dos comunicantes.