Aspectos práticos

Gestão do Processo Clínico Individual e Familiar

Visitas domiciliares

A visita domiciliar é uma ferramenta essencial do Médico de Família. Ao entrar na casa das pessoas é possível obter uma visão clara da dinâmica familiar e de como o paciente lida com seu processo saúde-doença. Observamos o ambiente em busca de fatores que podem ajudar ou agravar a saúde, pontos que são ignorados por outros atores do sistema de saúde. A visita domiciliar reforça o vínculo e a efetividade das nossas ações.

Uma proposta de classificação (do Grupo Hospitalar Conceição, citada por Oliveira e Berger, 1996) dividiu a assistência domiciliar em:

Os chamados são os atendimentos de pacientes que, por doença aguda ou por agudização de problemas crônicos ou por outro tipo de limitação, têm dificuldade de se locomover. No cotidiano da UBS, esse tipo de chamado é bastante comum e é importante que a equipe se organize para atendê-lo, sem atrapalhar as demais atividades já programadas. É fundamental criar espaços na agenda para atendimento dessa demanda (após atividade em grupo, ou mesmo no período programático de VD), independente do profissional da equipe que preste a assistência.

Cada equipe vai lidar com esses chamados dentro dos limites da sua capacidade. É necessário ouvir a demanda, fazer uma avaliação criteriosa e dar o melhor direcionamento, seja ela a realização da visita domiciliar ou o encaminhamento. Esse direcionamento deve se adequar também à realidade local, dos recursos presentes no território para a resolução do caso, como serviços de transporte público, serviços de emergência, plano de saúde suplementar, etc.

As visitas periódicas são direcionadas, em geral, a pessoas com problemas crônicos, devendo ser planejadas na equipe com antecedência e manter uma periodicidade variável. Por serem problemas, muitas vezes, de difícil controle, e a falta de adesão ao tratamento ser comum, essa ferramenta se torna muito útil no cuidado desses pacientes. Só é necessário ter cuidado para não restringir esse tipo de visita aos pacientes acamados, mesmo que eles sejam a maioria. Nas visitas periódicas podem e devem ser incluídos quaisquer casos de família de risco (inclusive social), pacientes com deficiências, idosos solitários e famílias com acesso restrito ao serviço de saúde. A determinação de quais pacientes receberão essas visitas e sobre qual profissional é o mais indicado para realizá-las deve acontecer na reunião de equipe.

As internações domiciliares são realizadas em comum acordo entre o paciente, a família e a equipe de saúde, desde que haja condições físicas e psicológicas para tanto. Um exemplo comum ocorre no caso de neoplasias avançadas. Nesses casos, e desde que realizada com a frequência adequada, a visita domiciliar propicia apoio e confiança. Além do manejo da dor, faz o necessário para melhorar a qualidade de vida do paciente e da sua família. As internações domiciliares podem ser ainda um recurso para descompensações de problemas crônicos com menos gravidade, ou mesmo para afecções agudas. A organização da assistência domiciliar no âmbito do SUS segue as normatizações do Programa Melhor em Casa. Segundo esse programa, os pacientes são divididos em 3 níveis conforme a complexidade do cuidado: AD1, AD2 e AD3. A APS fica responsável pelos cuidados dos pacientes AD1 e devem apoiar as equipes de atendimento domiciliar (EMAD e EMAP) no cuidado dos AD2 e AD3.

Para saber mais, acesso o link e o material complementar desta unidade.

http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_melhor_em_casa.php

As visitas domiciliares de busca ativa dizem respeito à mobilização de esforços para encontrar os pacientes de difícil adesão, faltosos, pacientes que estão com exames de rastreamento atrasados ou alterados e aos serviços de vigilância como os dos recém-nascidos e puérperas.

Esse processo é dinâmico: um tipo de visita pode se transformar em outro ao longo do tempo.